13/06/2020

Ser ou não ser (personagem de um ecrã)


Solidão e partilha. A dicotomia é inerente a muitas convulsões da humanidade, das nevroses individuais a certas celebrações de carácter religioso. No nosso tempo de confinamento, a sua expressão encontrou uma especialíssima via de expressão nos ecrãs — na sua proliferação e, sobretudo, na sua fragmentação. Dir-se-ia que, de uma maneira ou de outra, cada um de nós está, ou pode estar, em algum ecrã.
Vejam-se (e escutem-se) as muitas composições que têm sido interpretadas por músicos que não se limitam a respeitar as regras do chamado distanciamento social — em boa verdade, cada um deles está em sua casa, em diversas cidades, até mesmo em diferentes continentes.
Eis dois magníficos exemplos, até mesmo pela energia interpretativa e o apuro técnico que reflectem. No primeiro, em The Tonight Show (NBC), Sting, The Roots e Jimmy Fallon interpretam um clássico de The Police cujo título adquiriu uma ironia suplementar: Don't Stand So Close to Me; no segundo, a Orquestra Nacional de França (France Musique) propõe-nos a Valsa nº 2, de Dmitri Shostakovich, tema que adquiriu especial popularidade através da sua inclusão na banda sonora do filme final de Stanley Kubrick, De Olhos Bem Fechados (1999).

JL