13/06/2020

Scorsese em confinamento

Digamo-lo do modo mais didáctico e também, à sua maneira, mais romântico: o desejo de cinema resiste a qualquer situação, estratégia ou imposição de confinamento. Lembremos os belíssimos filmes realizados por Jafar Panahi enquanto cidadão confinado em sua casa por decisão das autoridades do Irão. Um deles, aliás, possui um título que poderá simbolizar o labirinto em que se move esse obstinado desejo: Isto Não é um Filme (2011).
Pois bem, Martin Scorsese fez também do seu confinamento, não apenas uma hipótese, mas um objecto de cinema. Correspondendo a um convite da BBC, para o programa "Lockdown Culture", o cineasta de Taxi Driver concebeu uma breve reflexão sobre o que significa parar por causa da pandemia, num registo que tem tanto de esboço de auto-retrato como de breve ensaio sobre o conceito fílmico de citação — para lá dos grandes planos de Scorsese a dar conta da sua existência nos últimos tempos, vemos breves imagens de O Falso Culpado (1956), de Alfred Hitchcock, e Assassinos (1946), de Robert Siodmak [vlog de Peter Bradshaw com uma referência à curta de Scorsese].

JL